A consultora Oxford Economics reviu hoje (sem consular o MPLA…) em alta a previsão de inflação para Angola, calculando uma subida de 20,8% nos preços este ano, essencialmente devido aos efeitos da retirada dos subsídios aos combustíveis nos transportes.
Na nota enviada aos clientes diz que “os cortes nos subsídios aos combustíveis por parte do Governo contrariaram o processo de desinflação, aumentando os preços dos transportes em Julho e Agosto; como tal, revimos a nossa projecção para a inflação média em 2025 de 17,2% para 20,8%, para ter em conta o abrandamento do ritmo da desinflação”.
Na análise, o departamento africano da Oxford Economics vinca que a subida dos preços continuará a abrandar, mas não o suficiente para se registar uma descida.
“As taxas de inflação mais baixas registadas em Agosto corroboram a nossa projecção de que o crescimento dos preços continuará a abrandar em 2025; o recente início dos projectos petrolíferos Begónia e CLOV3 dará um ligeiro impulso à produção e às exportações de petróleo, o que aliviará a pressão sobre a taxa de câmbio de Angola, travando assim as potenciais pressões inflacionistas”, escrevem os analistas, prevendo que a taxa de câmbio fique à volta de 917 kwanzas por dólar.
A taxa de inflação em Angola abrandou para 18,9% em Agosto face ao mês homólogo do ano anterior, registando uma descida face à subida de 19,5% registada em Julho face ao mesmo mês do ano passado.
Esta foi a 13.ª descida consecutiva da inflação no segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, que já enfrentou um aumento acima dos 30% em Julho do ano passado.
“A taxa de inflação tem vindo a diminuir de forma constante em 2025, depois de os estrangulamentos na cadeia de abastecimento, os cortes nos subsídios aos combustíveis, a forte desvalorização da moeda e a diminuição da produção de petróleo terem levado a inflação a subir para um máximo de 31,1% em Julho de 2024, quando em Junho de 2023 era de 11,25%”, concluem os analistas.
Recorde-se que a taxa de inflação em Angola fixou-se em 27,5% no final de 2024, com a província de Luanda a representar 70% da variação anual do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), segundo o relatório anual do Banco Nacional de Angola (BNA).
De acordo com o documento, a inflação registou um pico de 31,09% em Julho, antes de desacelerar progressivamente, fixando-se nos 27,5% no final do ano, sendo os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, bens e serviços diversos e a saúde as categorias que mais contribuíram para a subida dos preços.
A capital de Angola, Luanda, que representa o centro de consumo, dado o seu peso e variação, foi responsável por cerca de 70% da inflação nacional, refere o BNA.
A província de Luanda registou a maior taxa de inflação anual ao fixar-se em 32,45%, face aos 26,92% de 2023, seguida de Cabinda com 29,27% (15,17% em 2023, em resultado de uma menor oferta de alimentos, devido aos constrangimentos na cadeia de abastecimento, especialmente, no corredor logístico Luanda-Luvo-Noqui e na fronteira com a República Democrática do Congo.
O Comité de Política Monetária do BNA aumentou a taxa de juro básica para 19,5% no primeiro semestre de 2024, mantendo-a inalterada até ao final do ano, e reforçou o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional.
Mas apesar da desaceleração da inflação no segundo semestre, o nível de preços continua elevado e com impacto directo no poder de compra das famílias. Em Março de 2025, a taxa de inflação homóloga em Angola situou-se em 23,85%.
O relatório revela também que a economia angolana cresceu 4,4% em 2024, impulsionada principalmente pelo sector não petrolífero, que registou uma expansão de 05%, enquanto o petrolífero cresceu 2,8%.
Em 2024, o kwanza desvalorizou 9,12% face ao dólar, uma queda mais moderada do que os 39,23% registados no ano anterior.
Segundo o documento do BNA, as reservas internacionais aumentaram 7,07%, totalizando 15,77 mil milhões de dólares, o equivalente a 8,3 meses de cobertura de importações de bens e serviços.
O stock do crédito à economia cresceu 31,6%, embora o rácio de incumprimento bancário tenha subido para 19,2%, reflectindo riscos persistentes no sistema financeiro.
A consultora Oxford Economics previa que a inflação em Angola abrandaria para 19,2% em 2025, depois de subir 28,1% em 2024. Quase que acertava. Afinal foi 27,5% no final de 2024..
“Projectamos que a média da taxa de câmbio da moeda nacional se enfraqueça, de 871,5 kwanzas por dólar em 2024, para 927,4 kwanzas por dólar este ano, o que vai manter a inflação sob pressão”, escrevem os analistas no comentário à evolução da inflação em Angola.
Na análise, o departamento africano desta consultora britânica apontava para uma previsão de abrandamento da inflação para 19,2% este ano, o que compara com os 28,1% registados, em média, durante o ano passado.
“A nossa visão é que a inflação vai continuar a descer este ano, devido aos efeitos favoráveis de base e à inexistente pressão dos preços das matérias-primas”, escrevem os analistas, vincando que a desvalorização da moeda nacional, para mais de 900 kwanzas por dólar, durante o segundo semestre do ano passado, vai ajudar a abrandar a inflação este ano.
Angola não produz o suficiente para o consumo interno e isso é agravado pela proibição de importações. Como não há produtos suficientes produzidos em Angola cria-se escassez, razão pela qual quando há muita gente à procura de arroz, por exemplo, e não há arroz suficiente o preço sobe, assim acontece com todos os outros produtos. Difícil de entender? Nem tanto!
Mesmo com a taxa de câmbio oficial fixa e uma enorme taxa de inflação, esse desequilíbrio entre o que produzimos e o que as pessoas procuram para comer mantém-se. Cortar a importação foi péssimo sob todos os pontos de vista.
Angola não devia, não deve, continuar a depender a sua taxa ao sabor do petróleo, mas na produtividade interna em relação à produtividade externa.
Os planos do Fundo Monetário Internacional para Angola são responsáveis pela situação? Há quem diga que sim e quem garanta que o FMI cumpriu o seu papel e não tem culpa de nada.
Outra corrente de análise pensa que a grande razão da desvalorização do Kwanza é que a economia angolana não é forte, não é estruturada, não é diversificada.
Assim sendo, quando há um abalo no sector dos petróleos, naturalmente isso repercute-se de imediato nas finanças públicas e na própria economia, sendo a economia dependente de importação, quando faltam divisas, para suportar estas importações, as dificuldades de funcionamento da economia nacional aumentam e como o kwanza não tem nenhum suporte estrutural, desvaloriza.
Quanto ao papel do FMI nesta questão cambial, especialistas internos pensam que o problema está na fragilidade da nossa estrutura económica.
O FMI na altura fez o seu papel com os acordos assinados, só que a economia angolana não tem fundamentos, não tem retaguarda, para interiorizar o que de positivo essas medidas tinham, mas é a nossa economia que não tem retaguarda, logo os efeitos perdem-se, não se verificam.
Do ponto de vista do general dono de Angola, João Lourenço, nada disto é importante porque o MPLA fez mais e 50 anos do que os portugueses em 500…